as seen here
Tenho saudades dos tempos em que chegava a Évora com o coração perto da garganta, sonhando com a possibilidade de o conseguir encontrar. Quando passava a fábrica dos Leões, logo à entrada, subia-me uma esperança à boca, quase a conseguia dizer mas era uma esperança que eu mesma inventava e que sabia como iria, naturalmente, falhar.
E, anos depois, a minha médica pedia-me que visualizasse um sítio onde me sentisse calma, um sítio seguro e sem agitação e eu pensava imediatamente nas escadas da Sé. Seria uma tarde de Verão, o céu era azul alentejano, os turistas paravam afogueados a tirar fotografias à igreja e só uma brisa agitava suavemente as folhas dos plátanos sobre a minha cabeça. Numa das esquinas do largo, aparecia ele, cabelo em desalinho e calções a escorregarem pelas pernas magras e tudo se encaixava de repente.
Há qualquer coisa de romântico em Évora. Não no sentido tradicional da palavra, não são ramos de rosas vermelhas nem passeios em finais de tardes de Verão. Não se tratam de miradouros sobre as planícies que se estendem para Sul e fazem lembrar o mar nem de noites passadas sentados no que resta do templo de Diana e muito menos um encontro a meio da noite em plena praça do Giraldo. É antes uma promessa nunca cumprida, a vontade de andar por aquelas ruas em dias de calor, sonhando com a cara que podemos encontrar ao virar da esquina. É uma noite em que falamos longamente ao telefone, eu que não odeio nada com tanta força e tu, a metros de onde me encontrava, a explicares o inexplicável.
What happens in Évora, stays in Évora, poderia eu dizer. Lembro-me da festa que fizemos naquela mini rotunda, do segurança do hospital que acordávamos à volta para casa, as flores que colhemos e as placas que levámos conosco, as batatas no forno às quatro da manhã. Entre os corredores da Harmonia e os recuperados Celeiros, bebendo shakers no Jonas ou bagaços no Manel dos Potes, misturando-nos com a trupe universitária no bar UE e acabando de manhã no mercado. Há qualquer coisa que me liga àquela cidade, que me atrai e lhe dá um encanto especial, talvez as recordações que se vão já empilhando. E por isso continuo sentir emoção à chegada e um tímido nó da garganta quando, já a caminho, olho para trás e vejo como a cidade se desenha contra um carregado céu cinzento.
E, anos depois, a minha médica pedia-me que visualizasse um sítio onde me sentisse calma, um sítio seguro e sem agitação e eu pensava imediatamente nas escadas da Sé. Seria uma tarde de Verão, o céu era azul alentejano, os turistas paravam afogueados a tirar fotografias à igreja e só uma brisa agitava suavemente as folhas dos plátanos sobre a minha cabeça. Numa das esquinas do largo, aparecia ele, cabelo em desalinho e calções a escorregarem pelas pernas magras e tudo se encaixava de repente.
Há qualquer coisa de romântico em Évora. Não no sentido tradicional da palavra, não são ramos de rosas vermelhas nem passeios em finais de tardes de Verão. Não se tratam de miradouros sobre as planícies que se estendem para Sul e fazem lembrar o mar nem de noites passadas sentados no que resta do templo de Diana e muito menos um encontro a meio da noite em plena praça do Giraldo. É antes uma promessa nunca cumprida, a vontade de andar por aquelas ruas em dias de calor, sonhando com a cara que podemos encontrar ao virar da esquina. É uma noite em que falamos longamente ao telefone, eu que não odeio nada com tanta força e tu, a metros de onde me encontrava, a explicares o inexplicável.
What happens in Évora, stays in Évora, poderia eu dizer. Lembro-me da festa que fizemos naquela mini rotunda, do segurança do hospital que acordávamos à volta para casa, as flores que colhemos e as placas que levámos conosco, as batatas no forno às quatro da manhã. Entre os corredores da Harmonia e os recuperados Celeiros, bebendo shakers no Jonas ou bagaços no Manel dos Potes, misturando-nos com a trupe universitária no bar UE e acabando de manhã no mercado. Há qualquer coisa que me liga àquela cidade, que me atrai e lhe dá um encanto especial, talvez as recordações que se vão já empilhando. E por isso continuo sentir emoção à chegada e um tímido nó da garganta quando, já a caminho, olho para trás e vejo como a cidade se desenha contra um carregado céu cinzento.
3 comentários:
é impossivel não concordar com cada linha deste post em género, número e grau...Presumo que seja como um virus que infecta todos os corações desavisados que chegam à cidade na casa dos vinte...
gostava de conhecer évora como tu :P
(L)
tenho muita pena de não conhecer évora convenientemente. agora mais ainda.
bjo
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