maio 25, 2008

Micro Audio Waves

Este foi o segundo aniversário da Quina das Beatas. Há dois anos atrás, as hostilidades abriam com um concerto intimista de JP Simões, ainda com poucas mesas na sala e muita gente sentada no chão. Entretanto, já vi mais concertos do que aqueles que poderia imaginar e de bandas que provavelmente nunca iria conhecer. Vimos concertos em pé e sentados, encostados ao balcão, com a sala vazia e com a sala composta, dançámos tanto quanto pudemos, bebemos cervejas juntamente com as bandas, comprámos CDs e EPs. Eu gosto das noites de sexta-feira por serem noites de CAEP, é como se se tivesse criado uma espécie de ritual e o cumpríssemos naturalmente sem perguntar quem vai estar lá. Espero que a boa música continue presente por ali por muito mais tempo e que as pessoas despertem para este lugar e possam aproveitar esta janela de oportunidades. Parabéns ao Centro de Artes do Espectáculo!

A escolha da banda para este segundo aniversário foi muito feliz. Ontem, os Micro Audio Waves deram uma lição de electrónica, rock e de sensualidade a uma audiência que não demorou muito a render-se. Cláudia Efe é uma diva moderna, concentra em si (e na forma como susurra os seus segredos ao público) todas as atenções. Seduz-nos com um olhar às vezes provocador, às vezes vago. Dança como quem sente a música como uma força imparável e impressiona com a leveza dos seus movimentos. Esta música dos MAW está carregada de promessas, de encontros secretos com estranhos, do prazer pelo prazer e dá vontade de transgredir, de pisar o risco. Há uma expressão que me vem à mente quando penso neles: pure pleasure seeker. Ontem foi um bocado assim e o prazer chegou pela música e pela liberdade dos movimentos.

4 comentários:

jc disse...

pure pleasure seekers é uma belíssima música dos moloko, cuja deusa cantante vamos ter oportunidade de ver ao vivo no alive de oeiras daqui a pouco mais de um mês. a par com o affair do hercules e mais uma data de coisas boas.

micro audio waves são, para mim, difíceis de descrever.

as primeiras vezes que os ouvi, e foram assim uma data delas seguidas num curto espaço de tempo, nos intervalos dos desfiles da moda lisboa aqui há uns anos e noutros sítios na mesma altura, deixaram-me com a ideia que era mais um grupozinho modernaço sem grande consistência que havia de durar o que dura uma estação ou o tempo suficiente para deixar cair a folha ou a ficha que dá lugar ao próximo.

enganei-me à bruta!

quando saiu este último álbum, e quando o ouvi a primeira vez, o meu intelecto cagão, de música trad, fado, clássica, elitista do ccb e da culturgest, mas também das noites de copos e substâncias modernas, ficou, no mínimo confuso.

foi como se de repente me estivessem a dar uma massagem com lobotomia. viciei, ouvi, gravei, difundi até à exaustão.

e agora fiquei com uma inveja tua que estou capaz de roer três unhas.
não só por não ter estado no concerto mas por não estar no ambiente que descreves. o caep é um daqueles fenómenos que aumenta exponencialmente o orgulho quase sempre debilitado de ser alentejano do norte.

M. disse...

Pois, também não sei porque não apareces mais vezes. Bem sei que estás desterrado no ermo mas sempre podias dar um arzinho da tua graça... Quando vieres à terra (expressão que sempre odiei), chama por moi e vamos juntos :)

E sim, deves ficar com inveja. Não é todos os dias que se tem o prazer de ouvir os Micro Audio Waves e a seguir dançar a Misirlou, ali tudo junto :D

Mónica disse...

Grande concerto sim.
Partilho da tua opinião e como sempre adoro as tuas palavras.

M. disse...

Ainda bem que gostas! Falar sobre música é sempre difícil por ser tão pessoal :D