Hoje há uma pequenina parte de mim que gritava se a deixassem. Que semana de preparativos e situações inesperadas e trabalho esta! Tenho os ombros tão tensos que parece que tenho um cabide em vez de um pescoço e tento aliviar-me através da auto-massagem constante. Falhei compromissos que gostava de ter cumprido, marquei outros que espero vir a cumprir, falei muito sobre as primeiras férias deste ano. Se fechasse os olhos neste instante, sei que não recusaria já dormir. Não uma noite seguida, que isso não me está destinado, mas pelos menos umas quatro horas consecutivas sem pestanejar nem ser incomodada pela bexiga.
Hoje estou cansada e isto não é propriamente uma notícia de última hora. Com o departamento inteiro em alvoroço, as pessoas que queremos que fiquem e as que precisamos dispensar, os boatos e as conversas pouco esclarecidas, o panorama geral assim que ligamos a televisão - tudo a ajudar para que eu queira dormir e só acordar depois da crise ter passado. Como é que me posso esquecer que os meus assistentes têm uma vida, que o meu não é uma catapulta para um oceano ainda maior de incerteza? Como é que me posso esquecer que a minha vida não é a gestão, mas sim as palavras? Há tantas coisas que queria dizer a tanta gente mas não posso. Não dá. Não convém. Não devo. Não qualquer coisa, que isto é uma intrincadíssima teia de pressões sociais. Num mundo ideal, escrevia todos os dias, saber fazer apenas isso. E em vez de dar aos outros formações, feedback ou atenção, dava-lhes palavras. E com elas, matéria para imaginar. Mas não, não é o mundo ideal, como me disseram hoje na minha avaliação. Há-de ser sempre assim, também me disseram. Mas se eu acreditasse nisso, já tinha fugido daqui.
Hoje estou cansada e isto não é propriamente uma notícia de última hora. Com o departamento inteiro em alvoroço, as pessoas que queremos que fiquem e as que precisamos dispensar, os boatos e as conversas pouco esclarecidas, o panorama geral assim que ligamos a televisão - tudo a ajudar para que eu queira dormir e só acordar depois da crise ter passado. Como é que me posso esquecer que os meus assistentes têm uma vida, que o meu não é uma catapulta para um oceano ainda maior de incerteza? Como é que me posso esquecer que a minha vida não é a gestão, mas sim as palavras? Há tantas coisas que queria dizer a tanta gente mas não posso. Não dá. Não convém. Não devo. Não qualquer coisa, que isto é uma intrincadíssima teia de pressões sociais. Num mundo ideal, escrevia todos os dias, saber fazer apenas isso. E em vez de dar aos outros formações, feedback ou atenção, dava-lhes palavras. E com elas, matéria para imaginar. Mas não, não é o mundo ideal, como me disseram hoje na minha avaliação. Há-de ser sempre assim, também me disseram. Mas se eu acreditasse nisso, já tinha fugido daqui.
1 comentário:
Nao ha mundos ideais. Mas neste deixas-nos aqui as tuas palavras. E porque limita-las, porque guarda-las para ocasioes que podem nunca mais voltar? Se forem verdadeiras, nunca ha arrependimentos por as usarmos, por partilhar essas palavras com as pessoas que escolhemos para fazer parte das nossas vidas.
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