Salvam-me, as noites. Mesmo que esteja um frio estranho enquanto cruzamos uma ponte sobre os caminhos de ferro e tenhamos que apertar bem o casaco contra o peito. Mesmo que nos apanhem a caminhar por subúrbios feios e descaracterizados, onde se multiplicam sucursais de bancos, talhos modernos e carros sobre os passeios. Mesmo que às duas esteja tudo a fechar e não reste alternativa senão descer, descer até encontrarmos o que procuramos. Mesmo que os planos não corram como gostaríamos e decidamos que não são horas de recuperar o ritmo. Mesmo que só sejamos três porque há sempre pessoas com outras coisas para fazer. Mesmo que das duas garrafas de Periquita ainda sobre um pouco, embora o vinho seja mansinho e quase doce. Mesmo que nos encontremos e não falemos mais que dois minutos, olá, tudo bem?, até mais ver. Esqueço-me de tudo, a sério. Quando meto a chave à porta, reparo que são seis da manhã e que sou eu que venho interromper este silêncio. Não sinto nada senão uma vontade enorme de fechar os olhos e não tenho tempo sequer para pensar. Adormeço profundamente até a luz de um dia de Sol me despertar lentamente. Longe da euforia, respiro fundo.
2 comentários:
isso é ao pé do meu trabalho :)
Por alguns segundos me transportei,e me vi entrando na minha casa...Viagens...
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