Antes assim/Visito a morte/Passa-me a língua/No sexo forte/Veludo rubro/Em carne viva/Garganta funda/Super activa
Ele parece um dançarino de salsa em versão Frankenstein, ensaiando coreografias descoordenadas e exercendo hipnose sobre o público. Há momentos em que só lhe vemos a cara iluminada por um violento foco vermelho. Nascem-lhe dois círculos negros debaixo dos olhos que procuram avidamente absorver a energia de quem está do outro lado. Adolfo é um coração gigante, bombeando a poesia da interioridade com fervor, dando vida a um organismo que se transforma naquela sala num gigantesco coro autónomo. É a voz dele a comandar os corpos que depressa se chegam perto do palco, talvez para a venerar, sentir-lhe a tensão quando repete murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar. Ele concentra em si o poder de reavivar-nos as memórias, levar-nos atrás no tempo até nos vermos a crescer, sem compreender verdadeiramente o mundo, preocupados em agitar o pântano em que nos movíamos. E eu, que cheguei até ele (s) há pouco, que só o (s) convidei a entrar talvez tarde demais, consigo agora compreender o fascínio. Consigo reconhecer-lhe o estatuto de mito, um advogado feito messias, um agitador de massas pouco convencional, um concentrado de sexualidade. E quando tudo termina, quando se despede, percebo que a minha atracção por ele nasce da ideia de excesso, do abismo profundo para onde ele me conduz, como se com uma palavra sussurrada eu pudesse perder-me totalmente. Toda.
* os Mão Morta tocaram ontem no CAEP.
Ele parece um dançarino de salsa em versão Frankenstein, ensaiando coreografias descoordenadas e exercendo hipnose sobre o público. Há momentos em que só lhe vemos a cara iluminada por um violento foco vermelho. Nascem-lhe dois círculos negros debaixo dos olhos que procuram avidamente absorver a energia de quem está do outro lado. Adolfo é um coração gigante, bombeando a poesia da interioridade com fervor, dando vida a um organismo que se transforma naquela sala num gigantesco coro autónomo. É a voz dele a comandar os corpos que depressa se chegam perto do palco, talvez para a venerar, sentir-lhe a tensão quando repete murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar murmurar. Ele concentra em si o poder de reavivar-nos as memórias, levar-nos atrás no tempo até nos vermos a crescer, sem compreender verdadeiramente o mundo, preocupados em agitar o pântano em que nos movíamos. E eu, que cheguei até ele (s) há pouco, que só o (s) convidei a entrar talvez tarde demais, consigo agora compreender o fascínio. Consigo reconhecer-lhe o estatuto de mito, um advogado feito messias, um agitador de massas pouco convencional, um concentrado de sexualidade. E quando tudo termina, quando se despede, percebo que a minha atracção por ele nasce da ideia de excesso, do abismo profundo para onde ele me conduz, como se com uma palavra sussurrada eu pudesse perder-me totalmente. Toda.
* os Mão Morta tocaram ontem no CAEP.
4 comentários:
estou sempre a dizer que tenho de descobrir mão morta em todo o seu esplendor e nunca mais...
Muito bom!! que som de guitarras, excelente!!
como as minis que se sigaram...que já deram para ir torcido para casa!
Jorge C.
A menina M. vai a mais concertos que o António Freitas nos seus tempos áureos. :))
Curse, ainda vais a tempo! Eu já fui tarde mas percebi que ainda vale a pena tentar!
Jorge, estiveste lá e nem disseste nada? Podia ter-te convidado para uma mini :)
K, o Freitas não morava em Portalegre nesta época genial para quem gosta de música! Sou a fã nº 1 do CAEP :D
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