* e todos os outros músicos que tocaram ou ainda vão tocar no último fim de semana do Jazzfest.
fevereiro 28, 2009
Respect the Zorn! *
* e todos os outros músicos que tocaram ou ainda vão tocar no último fim de semana do Jazzfest.
fevereiro 27, 2009
You can't always get what you want *
fevereiro 25, 2009
Ficção #13
Ele entraria porta a dentro, sem trocarmos qualquer palavra. Eu caminharia à sua frente, de cabeça baixa, expectante e trémula. Estaria muito escuro mas a luz não faria falta para que nos pudéssemos ver. Eu conseguiria imaginar-lhe o olhar e ele conseguiria adivinhar-me o pudor. Longos minutos se estenderiam entre o momento em que lhe sentiria a pele macia nos ombros e a tranquilidade com que se deitava ao meu lado. Ele oferecer-me-ia temporariamente o seu coração nómada e eu não faria o esforço de esquecer que um dia já o quisera mais. Olharia para mim quase comovido, apenas por eu ser uma mulher e sorriria docemente, enquanto eu ajeitava o cabelo ao espelho. Soariam as primeiras horas da madrugada, seria a hora de lhe dizer adeus.
Mira el tiempo/Como casi sin querer mueve/El pelo blanco/Que hay entre tu pelo negro/Tu pecho suave y lindo/Huele/A otoño de amor
fevereiro 23, 2009
Bright lights, big city *
* porque não me esqueço do desafio do meu segundo afilhado, ignorando completamente as regras e escolhendo citar Jay McInerney sem qualquer rigor.
fevereiro 22, 2009
Jazz para leigos *
* o Portalegre Jazzfest vai continuar no próximo fim de semana no sítio do costume.
fevereiro 21, 2009
Voltar
Ligamos a televisão no quarto impecavelmente limpo e inacreditavelmente silencioso e o mundo real ataca-nos em todos os canais. A internet está por todo o lado mas precisamos de dados, precisamos de controlo e de disciplina, precisamos de saber porquê. Os preços são escandalosos quando comparados com este lado, os litros de café que mantém este país acordado resumir-se-iam a duas bicas no lado de cá. Consigo corar em cada departamento, outras caras associam o meu nome à minha cara envergonhada, já falámos antes, não é?, o meu e-mail corre entre aquelas bocas.
Não houve tempo para corridas nem para pensar duas vezes no que estava a comer. Em contrapartida, caminhou-se depois de jantar, elevando a voz mais do que é aceitável para a vizinhança de uma aldeia minúscula. Aproveitou-se o tempo livre para exercitar a imaginação, brincando com palavras e com coisas que nunca foram ditas. A minha imaginação leva o seu tempo e precisa dos seus floreados. Com estes pequenos-almoços, edredons, tempos mortos e ausência de despesas, vivam as viagens em trabalho.
fevereiro 15, 2009
Em jeito de despedida...
Coisas das quais não me consigo cansar
fevereiro 14, 2009
Pequenas lágrimas* para gente sentada
* fazem(-me) um oceano.
fevereiro 13, 2009
82% de liderança
Hoje estou cansada e isto não é propriamente uma notícia de última hora. Com o departamento inteiro em alvoroço, as pessoas que queremos que fiquem e as que precisamos dispensar, os boatos e as conversas pouco esclarecidas, o panorama geral assim que ligamos a televisão - tudo a ajudar para que eu queira dormir e só acordar depois da crise ter passado. Como é que me posso esquecer que os meus assistentes têm uma vida, que o meu não é uma catapulta para um oceano ainda maior de incerteza? Como é que me posso esquecer que a minha vida não é a gestão, mas sim as palavras? Há tantas coisas que queria dizer a tanta gente mas não posso. Não dá. Não convém. Não devo. Não qualquer coisa, que isto é uma intrincadíssima teia de pressões sociais. Num mundo ideal, escrevia todos os dias, saber fazer apenas isso. E em vez de dar aos outros formações, feedback ou atenção, dava-lhes palavras. E com elas, matéria para imaginar. Mas não, não é o mundo ideal, como me disseram hoje na minha avaliação. Há-de ser sempre assim, também me disseram. Mas se eu acreditasse nisso, já tinha fugido daqui.
fevereiro 11, 2009
Av. Álvares Cabral, seis e um quarto
Passam vinte e dois minutos das seis e uma rapariga com o casaco abotoado até acima sobe apressadamente a avenida. Vai ouvindo uma bulería e tentando conter-se para não desatar a sapatear a cada dois segundos. É o segundo dia em que consegue sair do escritório de dia e o céu está limpo. Tem um texto para escrever mas já sabe há muito onde irá buscar a inspiração masculina. Os dias tocam-lhe apenas superficialmente, as noites servem-lhe (como deve ser) para sonhar.
fevereiro 09, 2009
O filho que nunca fui
Portanto, não estranho quando ele me chama para ajudar nos momentos de bricolage. Ele sabe que sei distinguir entre uma chave inglesa, um busca-pólos ou uma chave Philips. E sabe que me ajeito a ler livros de instruções, a montar móveis e a medir caixilhos. Para as necessidades, deixou-me aqui em casa uma mini caixa de ferramentas para que me possa sempre desenrascar. E também é normal que ele comente os jogos do Benfica, jogada a jogada. Que aquele não sobe, que o outro não recupera depois do ataque, que o não sei quantos não vira o flanco. Irrita-se com as borboletices do Nuno Gomes e a atrapalhação do Luisão e nem sei se gosta do treinador. Muitas vezes não entendo do que está ele a falar (então mas aquele gajo agora é médio ofensivo?) mas consigo safar-me. Não o suficiente para brilhar noutras conversas, mas o suficiente.
E ontem, quando montámos a box lá em casa, faltavam as soluções para a manter funcional - cesto da roupa e caixote sobre banco e cadeira, check. E não consegui evitar os comentários sobre as perdas de bola e sobre as substituições tardias. Por isso, e com esta pesada herança genética, fiquei um bocadinho aborrecida com o jogo, porque não é preciso ser um génio para compreender que aquilo foi uma roubalheira. Ainda hoje, dizia o meu pai ao telefone Tu viste-me bem aquilo? Na cara do árbitro? e eu sorri e concordei com ele.
fevereiro 08, 2009
Dia 3: neuras de Sábado à noite
(os peixe:avião tocaram ontem no CAEP e eu não fui)
fevereiro 07, 2009
Dia 2: a sensualidade de um falsete
So in a manner of speaking/I just want to say/That just like you I should find a way/To tell you everything/By saying nothing.
(os Nouvelle Vague tocaram ontem no CAEP)
fevereiro 06, 2009
Dia um: a surdez perfeita
fevereiro 04, 2009
One down, six to go
Ontem, a minha chefe comunicou a alguém que não iríamos renovar o seu contrato. Faltam mais seis pessoas receberem uma notícia semelhante e, provavelmente, vai-me ser destinado o papel de mensageira. Com nenhuma das pessoas estabeleci uma ligação especial, pessoal ou profissionalmente. Mas isso não me impede de me lembrar do dia em que me mostraram a fotografia das filhas, das prestações da casa que ainda têm por pagar, do casamento que há muito anda a ser adiado. Não é tempo para hesitações e muito menos sentimentalismos, diria a minha chefe. Mas se isso é verdade, se é apenas isto que é esperado de mim - um punhal inevitável chamado negócio -, porque sinto eu que me vai custando cada vez mais dormir?
(não quero ser uma mercenária dos sonhos dos outros. quero fazê-los sonhar)