Ainda não tinha tido coragem para lhe visitar a campa. Ele, tão dedicado às amizades, jazia agora entre os seus amigos eternos numa esquina de onde conseguiria, se pudesse, ouvir o eléctrico. Foi numa noite em que caminhava meio absorta até ao momento em que julguei ver o nome dele escrito a neon sobre uma montra desactualizada. Mais acima, duma janela aberta num terceiro andar, fixava-me uma rapariga de vestido amarelo e cabelo curto que parecia dizer o seu nome. Xavier, dizia ela baixinho.
Enquanto avançava entre os jazigos de família, sob os candeeiros de ferro forjado que ornavam o caminho, ouvi o sotaque francês de um casal de meia idade. Ela vestia vermelho e ele dizia-lhe que odiava o cheiro a caril que se sentia por toda a parte. Abrandei o passo quando cheguei aos mosaicos gastos e ouvi a gargalhada fresca de uma rapariga. Ele gostava de me ver rir, pensei eu. Mas a minha cara não correspondeu a este pensamento porque reparei na expressão de pena de um rapaz sem braço que também caminhava por ali.
À porta do cemitério, nada mais que uma fila ordeira de carros, a fachada impecável do hotel e o grafiti espalhado por todo o lado. Podia estar triste mas sei que ele não me queria assim.
* de caneta em punho, em plena praça, a tentar absorvê-la. Confundida com a polícia, tento demonstrar a minha habilidade em trabalhos manuais, criando uma flor cubista. As horas ali não passam, é como se ainda fosse pedir para ficar mais um pouco, só mais dois ou três momentos de total distracção, de total fantasia. Deixo a vida à porta e recrio-me outra vez.
Enquanto avançava entre os jazigos de família, sob os candeeiros de ferro forjado que ornavam o caminho, ouvi o sotaque francês de um casal de meia idade. Ela vestia vermelho e ele dizia-lhe que odiava o cheiro a caril que se sentia por toda a parte. Abrandei o passo quando cheguei aos mosaicos gastos e ouvi a gargalhada fresca de uma rapariga. Ele gostava de me ver rir, pensei eu. Mas a minha cara não correspondeu a este pensamento porque reparei na expressão de pena de um rapaz sem braço que também caminhava por ali.
À porta do cemitério, nada mais que uma fila ordeira de carros, a fachada impecável do hotel e o grafiti espalhado por todo o lado. Podia estar triste mas sei que ele não me queria assim.
* de caneta em punho, em plena praça, a tentar absorvê-la. Confundida com a polícia, tento demonstrar a minha habilidade em trabalhos manuais, criando uma flor cubista. As horas ali não passam, é como se ainda fosse pedir para ficar mais um pouco, só mais dois ou três momentos de total distracção, de total fantasia. Deixo a vida à porta e recrio-me outra vez.
5 comentários:
hoping you're ok.
escreves muito bem, miuda :)
adoro o que escreves.. :)
:)
Sempre um prazer vir aqui.
Awwww you're too kind :D
Estou a praticar. Quando chegar lá é que vai ser ;)
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